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As mulheres e os desafios de viver a pandemia
17/05/2021 |
Há pouco mais de um ano a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou situação de pandemia devido à doença Covid-19, causada por um vírus de características ainda desconhecidas. As pessoas, em todo mundo, viram-se obrigadas ao isolamento, como medida de segurança.
Dentro de casa, a população tem assistido ao alto índice de óbitos e de infectados, a superlotação dos hospitais e, agora, enfim, a esperança da vacinação. Portanto, vivenciar as novas medidas de proteção não tem sido fácil. As crianças e jovens tiveram que se ajustar ao estudo remoto, os adultos ao home office e os idosos a ficarem longe da família, por serem considerados o grupo de maior risco.
E um grupo, em especial, tem vivenciado a sobrecarga do confinamento: as mães. Ainda que seja um período desejado e esperado por muitas mulheres, a maternidade se tornou um desafio e tanto durante a maior crise sanitária do século XXI, seja para tentantes, grávidas, puérperas ou mães de crianças e adolescentes.
O medo e a ansiedade estão presentes no dia a dia dessas mulheres, em especial, daquelas que estão em situação de vulnerabilidade. Sem renda, vivem o temor de não ter como sustentar os seus filhos. E mesmo aquelas que não se encontram nesta situação extrema viram os níveis de estresse crescerem em casa. Desdobram-se para conciliar o trabalho, cuidados da casa e as atividades das crianças. As jornadas são intermináveis, uma vez que ainda há desigualdade na distribuição de tarefas domésticas.
Uma pesquisa global realizada com a ONU Mulheres aponta que a pandemia aumentou o abismo na divisão de tarefas no Brasil. Cerca de 43% das mulheres entrevistadas em maio (contra 35% dos homens) concordaram fortemente com a frase: "Tive que assumir muito mais responsabilidade pelas tarefas domésticas e cuidados com crianças e família durante esta pandemia".
Isso porque as mães costumam ser as primeiras a serem chamadas para praticamente qualquer coisa. E não acontece à toa: a criança aprende que a mãe é quem está mais disponível. Isso reflete uma culpa, uma carga social histórica de que a mulher precisa dar conta e estar disponível em tempo integral.
A pesquisa aponta ainda que muitas mulheres vão lembrar deste período como um dos mais desafiadores de sua vida - um período de grande intensidade em vez de uma grande pausa", nas palavras de Ginette Azcona, pesquisadora da entidade.
Sendo assim, segundo Azcona, “as respostas à Covid-19 devem refletir as necessidades específicas e novos fardos que as pessoas, em particular as mulheres, estão enfrentando. (...) Seu trabalho é essencial e precisa ser reconhecido, valorizado e, mais importante, apoiado por diferentes medidas, incluindo políticas como proteção social para provedores de cuidados não remunerados e mais acesso a benefícios a famílias e a licenças remuneradas".
É difícil prever os efeitos desta sobrecarga. No entanto, dá para imaginar, de acordo com os pesquisadores, que, depois da pandemia, haverá uma segunda epidemia, essa de saúde mental. No curto prazo, o resultado tem sido insônia, irritação, dificuldade de concentração, compulsões ou consumo de álcool e remédios. No longo prazo, isso pode virar depressão e problemas que exijam uma intervenção psiquiátrica mais clara e complexa, com consequências a médio e longo prazo.
Porém, não podemos perder a fé e seguir em frente. As mulheres, as mães, sempre foram grandes protagonistas da história da humanidade, renascendo das cinzas, feito a bela ave que possui uma força extraordinária e podia viver quinhentos anos: Fênix. Mas, talvez, essa ave majestosa também precise ser olhada e cuidada neste momento.
Adaptado da fonte: BBC
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