Quando o autismo era um tema pouco abordado nos noticiários e quase não se falava sobre a temática da inclusão, o diretor Barry Levinson trouxe para as telas do cinema a discussão por meio do filme Rain Man, em 1988. Mas somente em 2007 a ONU (Organização das Nações Unidas), definiu o dia 02 de abril como sendo o Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Com o aclamado personagem de Dustin Hoffman (Raymond), a película apresentou o autismo à sociedade, mas também de alguma forma provocou alguns erros de interpretação.
Na história, Raymond é o irmão mais velho de Charles Babbit (Tom Cruise) e viveu parte de sua vida em uma instituição para pessoas com transtornos mentais. Tudo inicia com a morte do pai e a leitura do seu testamento. Charles ganha apenas um velho carro e as roseiras da casa e Raymond é beneficiado com todos os recursos dos investimentos do pai.
Charles não se lembrava da existência do irmão e para recuperar a herança, procura-o na clínica e o tira de lá sem o consentimento dos médicos. Mas não esperava que Raymond, mais do que repetir determinadas sentenças, de gostar de determinados produtos, locais e programas de TV de modo obsessivo, poderia ter fortes crises ao vivenciar mudanças bruscas em sua rotina ou se fosse compelido a fazer algo que não quisesse.
As características essenciais do Transtorno Autista (TEA) são a presença de um desenvolvimento anormal ou prejudicado na interação social e comunicação e um repertório restrito de atividades e interesses. Mas as manifestações variam dependendo do nível, que são três, do mais leve ao mais grave.
O autista sente mais, percebe mais, então ele está preso dentro de si. Ele não isola os sentidos que não estão sendo usados. Ele sempre está atento e carrega todas as informações para dentro dele. A própria palavra ‘autismo’ diz: ‘auto’ é de si próprio, é eu comigo mesmo. E por serem focados em si mesmos, os autistas conseguem desenvolver habilidades com mais excelência que outras pessoas.
O tratamento contínuo, e precoce, é essencial para melhorar a qualidade de vida. Se passar por um diagnóstico correto e fizer uma intervenção corretamente com profissionais adequados, quando criança, o paciente conseguirá ter uma vida saudável, uma vida melhor. Quanto mais cedo buscar ajuda, melhor será a vida do autista.
No caso de Raymond, do personagem de Rain Man, ainda havia um diferencial: sofria da Síndrome de Savant. A síndrome é uma condição rara, em que pessoas com graves deficiências mentais, incluindo o transtorno autista, possuem algum tipo de talento ou habilidade extraordinária.
Com o andamento do filme, percebe-se que Charles também buscava recuperar sua família. Queria um afeto que Raymond não conseguia retribuir. Mas como as nuances do autismo ainda são complexas demais para o entender, talvez, em algum nível, a proximidade do irmão provocou alguma modificação em sua forma de ver a vida.