Ao contrário do que se pensa, não foi apenas nos tempos bíblicos que os pacientes com hanseníase foram segregados. Isso também aconteceu no século 20 no Brasil: em 1923, o governo determinou a internação compulsória dos então chamados “leprosos”. Na década de 1940, diversas colônias foram construídas para isolar pacientes, embora a cura tenha aparecido em 1941. A medida só perdeu força na década de 1960, mas perdurou em alguns Estados, incluindo o Rio Grande do Sul, até meados dos anos 1980, conforme é descrito no livro Hanseníase: Direitos Humanos, Saúde e Cidadania (de vários autores, editora RedeUnida).
Uma triste realidade que ajudou a disseminar o preconceito e desinformar a população sobre a doença que ainda existe. A campanha Janeiro Roxo, oficializada pelo Ministério da Saúde e endossada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), tem como foco a prevenção da hanseníase. A doença afeta primariamente a pele e os nervos periféricos, com capacidade de ocasionar lesões neurais, e é causada pela bactéria Mycobacterium leprae. É uma doença infecciosa, contagiosa, de evolução crônica. Apesar de ser uma das doenças mais antigas da humanidade, ainda é um grave problema de saúde pública no Brasil, pois atinge cerca de 30 mil pessoas por ano.
A hanseníase é transmitida pelo ar, sobretudo em situações de contato próximo. No entanto, a maioria da população consegue se defender naturalmente da bactéria, porém cerca de 10% da população não tem esses mecanismos de proteção e pode adoecer.
O diagnóstico da hanseníase é essencialmente clínico. Dessa forma, o profissional capacitado consegue diagnosticar apenas por meio do exame físico. Apesar de não ser necessário para o diagnóstico, exames complementares podem ser solicitados, como baciloscopia e biópsia de pele.
O tratamento da hanseníase é feito com antibióticos. Seguindo o tratamento de maneira regular há a cura de forma definitiva.
Fique atento aos sintomas mais frequentes:
- Surgimento de manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área (s) da pele. Alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);
- Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;
- Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
- Comprometimento dos nervos periféricos, geralmente espessamento (engrossamento), associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
- Redução ou ausência da sensibilidade, ou da força muscular na face, mãos ou nos pés;
- Aparecimento de caroços no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.
Fontes: SBD - Sociedade Brasileira de Dermatologia / Ministério da Saúde